O poder das histórias para crescer com raízes, não com máscaras. E como a autoestima na infância molda mulheres confiantes. Há perguntas que doem em silêncio. “Quem seria eu, se me tivessem deixado ser?”

Poucas mulheres dizem isto em voz alta, mas muitas carregam esta pergunta dentro do peito como um sussurro persistente.

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A verdade é que a construção da autoestima – ou da ausência dela – começa antes mesmo de sabermos verbalizar o que sentimos. Uma menina aprende a amar-se quando sente que é vista e aprende a confiar quando é ouvida. Cresce inteira quando não precisa de se dividir para caber no mundo.

Este é o trabalho invisível na infância.

E quando o mesmo não acontece, a mulher que nasce dessa menina passa a vida a tentar encontrar um espelho que a devolva a si própria.

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Vivemos num tempo em que a imagem foi transformada numa medida de valor.

E se, em vez de ensinar a agradar, ensinássemos a habitar?

Habitar o próprio corpo e acolher as próprias emoções.

A autoestima não nasce de elogios vazios. Constrói-se em rituais simples:

— Uma conversa sem pressa;

— Uma história contada com olhos nos olhos;

— Um momento de escuta verdadeira.

Existem livros que parecem brinquedos, são propostas lúdicas que transformam o tempo partilhado num terreno fértil para crescer.

Estes ajudam adultos e crianças a reencontrar-se onde ambos pertencem.

Porque não se trata só de contar histórias, mas de criar encontros.

Nem todos os livros transformam. Nem todos os jogos educam. Há, contudo, criações com alma que são convites para mergulhar no sentir, no imaginar e no ser.

Estas experiências não são acessórias. São fundamentos.

Porque educar emocionalmente não exige perfeição, mas presença com verdade.

Recorrer a ferramentas bem pensadas facilita esta presença.

Tornam o quotidiano mais fértil, mais leve e mais inteiro.

A mulher começa na menina — e ainda estamos a tempo.

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Cada vez que ajudamos uma menina a gostar de si, estamos a construir uma mulher que não vai precisar de pedir permissão para existir.

Uma mulher que saberá dizer “não” sem culpa, escolher sem medo e amar sem se deixar apagar.

Esta construção não acontece nos grandes acontecimentos. Nasce das cenas quotidianas:

— Num serão em família.

— Numa leitura ao pé da cama.

— Num jogo com afeto.

Por isso, certos livros e jogos não deveriam estar apenas nas prateleiras. Mas integrados nas rotinas, nos lares e nos corações.

Porque eles não são uma moda. São antes memórias, e são raízes.

Cada menina merece crescer com a certeza de que não precisa caber no mundo. Ela é preciosa e única, o mundo é que deve estar pronto para recebê-la.

Lídia Farinha

Por: Lídia Farinha

Texto revisado por: Revista Voix

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