Às vezes, a vida segue em ritmo tão automático que a gente nem percebe que parou de se enxergar. Os dias passam entre tarefas, obrigações, expectativas alheias e a sensação constante de estar sempre resolvendo algo para alguém.

Sem perceber, vamos deixando de lado pequenas vontades, desistindo de silêncios que fazem bem, deixando o espelho para depois, como se cuidar de si fosse supérfluo diante de tudo o que o mundo exige.

Muitas mulheres passam anos vivendo nesse modo sobrevivência. Sustentando lares, mantendo o emocional da família em pé, sendo apoio para todos — enquanto vão se apagando aos poucos. Até que um dia, o cansaço não é só físico. Ele começa a tocar algo mais profundo. Um vazio que grita baixinho.

https://www.revistavoix.com/wp-content/uploads/2022/03/logo.png - Stela Rocha - Quando a gente deixa de se ver. -

Nessa hora, algo muda. Às vezes, discretamente. Uma vontade de voltar a se arrumar. Um desejo de sair sozinha, de ter um tempo só seu, de voltar a ouvir música no fone de ouvido. Começa assim: com pequenos sinais de que a alma quer respirar.

E então se entende que o cuidado externo é só parte do processo. Colocar um batom, hidratar o cabelo, vestir algo bonito… tudo isso pode parecer simples, mas é como dizer: eu ainda estou aqui. Porque o cuidado, quando nasce de dentro, vira afirmação. Vira vida.

Voltar a se enxergar é um processo. Não acontece da noite para o dia, mas com escolhas conscientes, um pouco mais de leveza nos julgamentos e de gentileza no olhar e com um pouco menos de culpa ao priorizar a si mesma.

https://www.revistavoix.com/wp-content/uploads/2022/03/logo.png - Stela Rocha - Quando a gente deixa de se ver. -

E quando essa conexão acontece, tudo ao redor começa a se transformar também. Não porque a vida se torna perfeita, mas porque agora há presença. E onde existe presença, existe poder.

A beleza que vem de dentro tem brilho próprio. Não precisa de aprovação. Ela simplesmente se manifesta. E, quando isso acontece, a mulher que parecia esquecida se torna protagonista de novo.

Sem pressa. Sem cobrança. Apenas sendo quem sempre foi, mas agora, sem se apagar.

Por: Stela Rocha

Revisor de Texto: Abílio Mandlate

Redes Sociais & Contato: